Wednesday, April 28, 2010

Minha Náusea

Nunca estive tão envolvido com questões existenciais em minha vida, creio que o entulho da história com o passar dos anos pesa em nossos ombros.

A grande angústia que me segue é em decorrência as minhas escolhas.

A todo o momento em nossas vidas estamos fazendo escolhas, desde pequenas escolhas como sentar e escrever, ver um jogo na televisão ou grandes escolhas, como aqueles que somos constantemente condenados a escolher, ou seja, os caminhos a seguir em nossas vidas.

A liberdade, para Sartre é escolha, pois mesmo presos por grilhões ainda somos livres para escolher, mesmo que não alcançamos o projeto escolhido, que o detento que escolhe se libertar das correntes não consiga ser solta, a liberdade de escolha ainda existe, logo, somos, como dizia Sartre, condenados a liberdade.

É na liberdade que encontramos nosso maior vilão, mas é também na liberdade que nos compreendemos como homens, como humanidade. A liberdade, ou seja, as escolhas sempre geram angústia , pois a cada escolha deixamos de escolher outras tantas, logo, a angústia da incerteza de ter feito o correto é o que cria no coração dos homens uma angústia, que ao meu ver, é tão inata quanto a própria liberdade, uma esta intrinsecamente ligada a outra. Se liberdade é escolha, ela também é angústia e o inferno, esse sim, “são os outros”

A angústia, esse sentimento que nos rodeia a todo momento é algo que não se pode levar ao desespero, pois é no desespero que encontramos nossa própria morte em vida, pois é no desespero que o homem morre lentamente e definha existencialmente.

A leitura de Sartre deixou minhas inquietações ainda maiores, por se tratar de temas confusos, porém tão ligados a nossa vida.Em uma das passagens do seu livro A Náusea, Sartre os relata algo sobre o medo dos homens que me fez novamente refletir sobre a vida.Segue abaixo o trecho.

“Em 1787, num albergue perto de Moulins, estava à morte um velho, amigo de Diderot, formado pelos filósofos. Os padres das redondezas estavam extenuados: tinham tentado tudo inutilmente; o homenzinho se recusava a receber os últimos sacramentos, era panteísta.
O sr. de Rollebon, que passava por ali e não acreditava em nada, apostou com o pároco de Moulins que, em menos de duas horas, converteria o doente aos sentimentos cristãos. O pároco aceitou a aposta e perdeu: entregue a ele três da manhã, o doente se confessou às cinco e morreu às sete.


'É tão forte assim na arte da argumentação?', perguntou o pároco. 'É melhor do que os nossos'.


O sr. de Rollebon respondeu: 'Não argumentei: fiz com que sentisse medo do inferno”

O medo do inferno que Sartre se refere, não é do inferno que os outros nos são, mas desse inferno religioso que sempre atormentou o coração dos homens desde o advento do cristianismo, uma religião que inverteu valores e salientou a moral de rebanho, mas o medo que sentimos a todo o momento é um sentimento que nos transforma muitas vezes em seres incompreensíveis, pois ainda em Sartre a mudança é vista como algo bom, como uma evolução, ou melhor, como uma revolução e é isso que nos transforma em melhores homens e não o medo, pois isso também pode ser encarado como a radicalização da própria angústia. Ainda em Sartre “uma infinidade de pequenas metamorfoses se acumulam em mim sem que eu me dê conta, e aí, em um belo dia, ocorre uma verdadeira revolução."

O homem não nasce, cresce e morre, o homem é um caniço do universo, mas sua consciência disso o transforma e coloca o mundo a seus pés, nos homens não podemos ter muita razão em viver, pois creio ser a ausência de um sentido na vida ser o verdadeiro sentido de ainda continuar respirando.

Fenix

Após alguns anos sem escrever, resolvi seguir o conselho de uma amiga e retomar com meu blog. Lendo os “posts” anteriores vejo como mudei algumas formas de pensar, ver e sentir a vida.
O sentido desse blog sempre foi colocar em forma de textos, meus pensamentos, meus anseios e até mesmo, minhas paixões!

Espero deixar mais freqüente esse blog ao menos para confortar meu coração repleto de angustia e inquietação.

Friday, September 21, 2007

Quixotes modernos!

Escrevi algo nesse Blog que, lendo depois de muito tempo (mais ou menos um ano) não concordo muito ou vejo como o pensamento não é imutável. Mudei minha forma de pensar em muitos aspectos, vivi novas histórias e cresci como homem.

Nós somos pequenos livros nessa grande enciclópedia do mundo. O grande escritor Machado de Assis diz que a cada ano que passa, lançamos uma nova edição do livro de nossas vidas e ao final, entregamos aos vermes. Ou seja, quando devemos ter o melhor de nós, mesmo com uma capa fora dos padrões sociais, entregamos aos vermes as melhores edições.

A morte, a busca por um sentido para a vida é algo que cria no homem uma grande crise existencial o que ocorre várias vezes ao longo da escrita de sua História. Mesmo sendo como Sísifos, (um proletário dos Deuses) que reconhece sua condição e mesmo imponente e revoltado, o homem pensa em sua situação miserável durante a descida da grande perda, do grande fardo da humanidade...

Resolvi voltar a escrever, após ler alguns blogs e notar que algumas pessoas ainda são como Sísifos, sustentando seus sonhos e procurando contar isso ao demais. Mesmo que vistos como loucos, (pois fazem com amor) eles procuram libertar os demais dos grilhões da mentira. Pois esses "loucos" conseguem demonstrar que "há sempre um pouco de loucura no amor, mas a sempre um pouco de razão na loucura"1 . E as massas dos loucos conhecidos e anônimos pode mudar ao logo da História, por uma série de questões que nao cabe aqui salientar, mas todos eles tem algo em comum, o verme ( não o comedor de livro ) do conhecimento que lhe deixa infectado por algo que lhe faz correr e contar ao presos que a Verdade e a Beleza não se resumem apenas em um emaranhado de sombras...

Sei que o texto nas está dos melhores, mas li algumas coisas como disse, em que alguns blogs me fizeram refletir que ainda existem Quixotes da modernidade que ainda sustentam seus sonhos, logo, essas pessoas tem todo o meu respeito.

Bem... me deixe ir, pois preciso alimentar os sonhos de alguns dentro de sala de aula... Pois em nossa sociedade ainda falta alimento para o corpo e para a alma


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1 - F. Nietzsche

Thursday, June 22, 2006

Hooliganismo: O amor

Os jogos da Copa do mundo são manchetes nos jornais do mundo inteiro, demonstrando tamanha a importância do futebol na cultura de diversos paises.
O Brasil tem o futebol como uma grande paixão nacional, podemos ver pessoas se encontrando nos campo da periferia para disputar um campeonato entre os moradores, em escolas o futebol é admirado por todas as séries, em suma, reafirmando o Brasil como o país do futebol.
A copa do mundo coloca o futebol apenas em destaque, porque a bola não para em nenhum lugar do mundo, criando sentimentos entre as pessoas, que olham para seu time de futebol, como Narciso para seu próprio rosto.
Devemos nos perguntar, porque as pessoas cometem violência nos estádios de futebol, nos meios de transporte, nas ruas ? Seria apenas uma violência gratuita ?
A resposta é muito complicada, porém acredito baseado em algumas leituras, que o sentimento de grupo faz com que pessoas comuns, que trabalham, estudam, ou seja, pessoas com vidas pacatas, travem batalhas nas ruas, gritando e violentando de maneira gratuita, porque a violência é uma coisa humana, atrai até mesmo o mais tranqüilo, pois é o nosso lado “horrorshow” sendo colocado em prática.
Após analisar alguns vídeos contendo cenas do Hooliganismo, posso dizer que a violência desses micro-grupos são cometidas apenas em bandos, uma vez que o sentimento de potência criado por esta atmosfera , proporciona a criação desse espetáculo da violência
Não quero aqui fazer uma apologia a violência, mas deixar claro que o Hooliganismo é apenas um nome criado pela imprensa Inglesa ( vale ressaltar que a imprensa é a grande criado de rótulos e de propagação do senso comum ), pois nos paises latinos americanos como o Brasil, o nome muda apenas para torcida organizada. Mesmo que os Hooligans tenham características diferentes, o fenômeno que proporciona esse tipo de atividade é o mesmo; A paixão. Paixão pelo futebol, pois tudo de grande que foi e é feito no mundo, é realizado com paixão, amor. Devemos dizer que existem dois tipos de paixão, a de vida e a de morte, a de vida esta sempre ligada a um sentimento bom, visando a alegria, a propagação de um sentimento bom, enquanto a de morte está atrelada ao sentimento de destruição, de violência, ou seja, de algo ruim. Porém, uma vez que você acredita que mesmo destruindo algo, você busque uma causa maior, algo coletivo, então qual a diferença? Hitler fez tudo com muita paixão, Che Ghevara também, os Hooligans praticam a “desordem” pelo amor ao time e a pela reputação de sua torcida, os jovens que buscam consolos no além do mundo, cultuam algo em nome do amor, então qual a diferença?
A maiêutica socrática muitas vezes não permite responder tudo, pois somente assim podemos agir como uma parteira, individuo que contribui para o nascimento, porém não é ela quem dá a luz, mas que sem ela seria muitas vezes impossível a Philos Sophia !

Tuesday, May 30, 2006

Um dia no fliperama da vida

Eu coloquei minha ficha, escolhi o Ryu, crente de que iria zerar a máquina, mas quem foi meu primeiro adversário? Ken. No primeiro Round, como imaginava, eu ganhei, porém, no segundo, com alguns golpes a mais que eu, ele me derrubou. No terceiro e último Round, ele me espancou e como era de se esperar, perdi.
Fui até o cara do balcão para comprar mais fichas, e com uma voz rouca de tanto cigarro, o homem disse que não venderia mais fichas para mim. Com grana na mão para comprar um monte delas, o velho senhor, que escraviza Deuses e homens, mais conhecido como Eros, disse que o jogo acaba, o game over é esperado sempre.
Eros sempre dizia que eu podia comprar mais fichas, dessa forma acreditei que posso vencer o jogo com apenas uma ficha, desafiando a máquina com minhas habilidades.
Mas como disse logo acima, não foi bem o que aconteceu...
Com o jogo perdido, fui embora, andei por alguns minutos, fumei mais cigarros, olhei para os dois lados da rua, e vi que a vida é sempre feita de grandes escolhas.
Entrei no onibus, sentei no banco ao som do bom e velho Ska do The Specials...
Ouvi uma grande palavra de consolo, de que nada serviu, mas a atitude expressa valeu mais do que qualquer coisa naquele momento.
Demorei para pegar no sono... Ao acordar cedo no dia seguinte, vi que mesmo sendo muito difícil, eu posso e devo escoher outro jogo, quem sabe o Mortal Combat não me disperta algo interessante, e assim, o velho Eros com seus anos de vida, volte a vender fichas ...

Wednesday, May 17, 2006

Marx – Cola, o PCC e os Filhos das putas

Os publicitários do III Reich certa vez disseram que uma mentira contada mil vezes se tornaria verdade. Acredito que em São Paulo, isso nunca esteve tão em voga, pessoas em pânicos; o espectro do medo rondando a vida de todos, com certeza vivemos sob a cultura do medo.
Os boatos nas ruas caminhavam a passos largos, atingia várias pessoas ao mesmo tempo, a grande concentração de pessoas deve ter propagado ainda mais a onda de boatos. O telefone se fio, brincadeira infantil que nada tinha de nefasto, nessa ultima segunda feira foi usada pelos adultos, gerando no final da linha, coisas sem nexo, ameaçando e causando mais pânico na população.
A criminalidade mostrou sua cara e, disse quem apita o jogo, verdade seja dita, sabemos que os ataques ocorreram e que a violência foi enorme, mas convenhamos, o medo que surgiu de uma hora para outra em todos os cidadãos de São Paulo, foi caudado pelas próprias pessoas.
Marcola, grande líder do PCC comanda o submundo do crime dentro de uma penitenciaria de segurança máxima, provou para todos que São Paulo é uma cidade frágil, que facilmente pode ser atacada. Gostaria que Marcola tivesse lido alguma coisa de Marx, Bakunin, Malatesta, Durruti, assim teríamos uma revolução, pois Marcola provou que é possível comandar um esquadrão de pessoas e, colocar abaixo toda a estrutura do sistema capitalista. Não quero aqui entrar na questão sobre as formas de crime, se são certas ou erradas, mas sei que o que vimos nestes últimos dias, foi apenas uma prova de que não estamos seguros, pois temos uma polícia corrupta. Isso é apenas o reflexo de um sistema falido, corrupto, que homens do colarinho branco, dominam a vida de muita gente, levando o país que chamamos de Brasil, para a lama. Nessa eleição, devemos votar nas putas, pois os filhos delas já provaram que são incapazes de administrar um grêmio de escola do Estado.

Sunday, May 14, 2006

Dias das mães e o jogo do capital

Dia quatorze de maio do ano de dois mil e seis, data em que se comemora o dia das mães. Pergunto, o que seria o dia das mães?
A grande maioria das pessoas pode responder que é uma data para ficar ao lado das mães, de comer uma bela refeição e conversar sobre alguns assuntos pertinentes a família. Mas o dia das mães, uma criação humana, ou seja, algo não natural, serviria apenas para unir mais as famílias?Para recordar daquela pessoa querida que muito fez por nós? Podemos dizer que não!
Guy Debord, refletindo sobre a sociedade de consumo, salienta “ O apagamento da personalidade acompanha as condições da existência concretamente submetida às normas espetaculares da sociedade de consumo, e também cada vez mais separada das possibilidades de conhecer experiências que sejam autênticas e, através delas, descobrir as suas preferências individuais".
Essa sociedade planificada, que visa a criação de indivíduos normalizados, é a que vai fabricar essa falta de personalidade entre as pessoas. Até mesmo um filho que não se interessa pela mãe, que não sente de coração a necessidade de estar ao lado de sua progenitora, se vê acuado pelas estratégias do grande mundo do consumismo. Sua vida, sua personalidade, são moldadas sob a ótica do grande irmão, com suas “normas espetaculares” , deixando esse individuo um ser sem vida, uma Laranja Mecânica, em que o livre arbítrio seria apenas um conto de fadas. Não conhecendo efetivamente, as coisas do mundo, pois como diz a musica da velha banda punk Replicantes “Conhecer as coisas do mundo, é coisa de vagabundo”. O que falta em nossa sociedade é a personalidade, é o dizer não as tentações da mídia que nos impõe uma forma de agir e de pensar, deixar sim de comprar algo nos dias das mães, mas também dizer que a ama todas as vezes que sentir vontade, dessa forma, estaremos deixando de ser grandes fantoches para o espectro que ronda e domina o mundo, o fantasma do capital.

Wednesday, May 10, 2006

Um professor e a pedagogia da mediocridade

Os últimos dias sem escrever levam sempre a reflexões que muitas vezes se perdem em meio ao transito louco de São Paulo, entre os pontos de ônibus ou até mesmo entre os vários pensamentos que se misturam e muitas vezes não criam coisa alguma.
Os escritos desde humilde blog acabam sendo redigidos, justamente pelos anseios desde nobre colega que vos fala. O que mais me chama atenção nesses últimos dias é a questão da educação, como alguns devem ter conhecimento, o ensino publico enfrenta sérios problemas, falta de verba, escolas destruídas e a violência, levando a crença de que o ensino privado é a melhor escolha.
A pedagogia muitas vezes é o câncer da educação, o que deveria ser o suporte para a escola, acaba se resumindo em contos e livros de auto-ajuda para professores sem personalidade, com sérias limitações intelectuais. O pedagogo é aquela pessoa que muitas vezes adminstra a escola, domina leis e estratégias para um bom funcionamento escolar, coisa que muitas vezes não ocorre, devido a sua limitação, ao seu pobre conhecimento de vida, apenas conheçe alguns slogas de pensadores batidos, e não recorrem a novas tendências educacionais.
O filosofo certa vez disse que toda mulher vestida de negro parece inteligente, com certeza essa colocação de Nietzsche é muito preconceituosa, mas no caso das pedagogas isso me é muito evidente. As limitações intelectuais da grande maioria é apenas um reflexo da propagação de faculdade de pedagogia e até mesmo a esse sentimento nefasto que abita os corações femininos.
A critica pode e deve ser estendida a vários professores, de todas a áreas, mas retomando ao que tinha dito logo acima, a escola privada é apenas um lugar aonde o aluno paga, ou seja, compra a mercadoria (educação), e caso a mercadoria não esteja de acordo, ele pode reclamar. Não podemos generalizar, dizendo que todas as escolas privadas são ruins , e nem devemos, pois temos vários exemplos de escolas com um bom desempenho.
O problema está na escola, que administradas pelos senhores do amor, afundam o conhecimento, limitando até mesmo aquele professor com boas idéias. Como Nietzsche dizia: “Educar os educadores! Mas os primeiros devem começar por educar a si próprios. E é para esses que eu escrevo”. Todos nos sabemos que o ensino deve ser revisto, o ducador de que se educar, olhar mais adiante, não deixar que filosofias de amor, de historinhas ao estilo Chalita os peguem. Acredito que para isso ocorrer, é preciso que os profissionais da área da educação, revejam seus conceitos, estudem mais, leiam livros que possam contribuir com sua rotina escola, pois entre os pedagogos, Os Gasparettos e revistas de fofoca, ainda são os mais lidos. Tenho pena de alunos que não tem contato com o conhecimento, pois este ofusca os olhos, mas não há nada mais prazeroso de olhar e escutar alguém que conheça e saiba do significado do amor ao conhecimento.